sábado, 26 de julho de 2008

Folga...

Ando muito disciplinado.
Embora me apeteça treinar mais forte, páro este sábado. Amanhã faço um longo suave.
A perna está a recuperar a forma, a cabeça melhora logo. Estou a jogar computador, que se admirou de ver o pai sem estar todo transpirado pela manhã...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Estar de volta


Foram 14 dias muito tristes, muito longos.
Há amigos meus que podem considerar pueril a frustração que causa não poder matar um vício que se instalou e que nos faz levantar da cama, calçar, ligar o gps e o mp3 e ir!
Estou a recuperar, estou sem dores depois de 8 dias de treino, com um longo de 17 kms no Domingo com o meu primo que treina como se estivesse num treino dos Rangers do Exército... Tenho feito treinos de 50 mns, pelas arribas da praia de S Julião, suaves a 5m15s, dois rápidos de 40 mns e um longo, não tão lento como deveria ter sido, mas o joelho está bem, tenho reforçado a parte muscular com exercícios específicos, muita flexão, muito alongamento e nada de dores.
Estes meninos também estão a ajudar. E muito!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Balanço do 1º ano

20 provas no total.
4 meias; 6 de 10000; 4 de 15 kms(talvez a minha distância preferida) e as outras de distâncias mais curtas, de que não gosto muito, mas como contavam para o Troféu, lá ia, representar o melhor que podia o clube.
É engraçado que todas foram novas para mim, não podia fazer comparações como ouvia os meus colegas a comentar, os "tempos de há 2 anos" e a "chuva do ano passado".
Para mim era tudo novidade, eram sempre tiros no escuro, o meu adversário era e continua a ser, apenas o cronómetro, com o meu GPS igual ao do Dean Karnazes, esse grande maluco.
Tentei sempre melhorar os tempos nas distâncias padrão. Só fiquei desiludido comigo mesmo uma vez, na Meia da 25 de Abril.
Provas de que mais gostei e que quero mesmo participar sempre:
- Corrida do Tejo
- Meia de Lisboa
- GP do Atlântico
- Manteigas- Penhas Douradas
- Corrida do Metro
- Corrida dos Sinos
- Meia de Setúbal

Posso considerar que tive uma evolução positiva e o feed-back que tenho tido dos meus colegas aponta para que consiga, com mais anos e kms nas pernas, ir melhorando ainda mais.
Acabei a época a fazer 42 m aos 10 kms, 1h 06m aos 15 kms e 1h 34m na meia-maratona, marcas que há um ano me fariam rir. Claro que comparando com o andamento dos meu colegas de pelotão dos Veteranos VI... fico deprimido, mas continuo a aprender.
Aprendo a usar os braços, aprendo a gerir melhor os ritmos em prova, treino mais a potência e não apenas a endurance como fazia nos 1os meses, etc.
Vai indo...
Para primeiro ano, acho que não está mal. Nunca piorei um tempo, de uma prova para outra. Melhorei em todas, só na meia da 25 de Abril é que, estava bem, poupei-me, esperei pelo meu amigo Mota(sim, em 2008 já era ele que me acompanhava a mim...), e não consegui fazer um tempo à volta da hora e 32 , que estava, naquele dia, perfeitamente ao alcance, numa prova tão rápida e fácil como é. Mas para o ano há mais!

Ou não, neste momento é mais é gelo no joelho e mais um dia sem calçar... Mas está a melhorar.

O início dos treinos

A partir de 15 de Maio, comecei a correr todas as manhãs, muitas vezes ao nascer do sol, que é espectacular. Parava à 5a feira. Acabaram-se as noites pouco dormidas e as horas a virar-me na cama. 45 ou 50 minutos por dia e um treino mais longo ao Domingo. O meu compadre, o Mota, estava inscrito para a Maratona de Nova Iorque e picava-me para o acompanhar nos treinos que começava a cumprir constantes no seu plano de treinos de 4 meses. Comprei uns Adistar Control 4, que depressa percebi serem excelentes, mas que comprei ingenuamente como se de um par de sapatos se tratasse. Ora se calço o 39, 40, comprei o 40. Mau resultado. Número indicado para mim: 42. Só agora tive a certeza disso, depois de unhas negras e calosidades nas pontas de quase todos os dedos.
O Mota havia prometido a si próprio que terminaria a maratona, pela sua querida irmã que lutava há anos contra a mais malvada doença, com todas as forças, mostrando-nos como era ser forte, muito forte.
Sempre que vou a sofrer numa prova, lembro-me que ela nos observa lá de cima com o seu sorriso e basta lembrar-me do que lutou para considerar o meu sofrimento uma innsignificância... e acelero a passada. Eu e o Mota começámos a treinar mais e melhor, e comecei a conseguir acompanhá-lo, o que me motivava ainda mais. Tínhamos uma missão: ele, terminar a maratona. Eu, ajudá-lo como podia a ficar bem preparado.
Comecei a pesquisar na Net, saquei uns planos de treino, reformulei-os às minhas necessidades e tentei cumpri-los.
Decidi então inscrever-me no clube do meu bairro, não no futsal, como tinha feito durante anos, mas na secção de atletismo, que tinha e tem, para grande espanto meu, cerca de 35 atletas inscritos, na sua maior parte Veteranos de várias idades. Recebi um fato de treino e tudo o mais e senti-me quase um "atleta". Fazemos reuniões na última 6a feira de cada mês onde se estabelecem as provas a participar no mês seguinte. Estava desde logo inscrito no troféu concelhio, com várias provas ao longo do ano em que se ganhavam pontos que permitiam subir no ranking do escalão. Tudo novidade para mim.
Comecei a ir às provas com os meus colegas, que me receberam muito bem e que me aconselhavam sempre de forma sensata. Temos Veteranos com 62 anos a fazer 1h 22m na Meia Maratona.

Melhoras

Não é que alguém me venha aqui ler, mas sinto-me bem só por escrever que hoje o meu joelho está melhor.
Logo continuo o relato cronológico deste meu ano probatório.
Vou para o tratamento e para a escola, pois os professores não estão de férias, caros Pais e Encarregados de Educação. Há muito trabalho a fazer.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

The Day After

Segunda-feira, acordei com duas tábuas espessas e rijas em vez de pernas.
Não me iria levantar... Nem dava aulas nesse dia. Era o dia de folga.
Que bom, passaria a manhã na cama com o sentimento glorioso de mais um Jovemaio concluído!
Passados 10 segundos, o click que mudou o meu dia, o meu ano, a minha cabeça, um pouco da minha vida no fundo!
Eu durmo pouco, deito-me cedo, adormeço com facilidade, mas por volta das seis da manhã, no máximo, acordo e não durmo mais. Isto quando não acordo mais cedo e me ponho a pensar em tudo o que a noite escura se lembra de me pôr a pensar.
Sem perceber como nem porquê, nem consigo explicar a ninguém o que me aconteceu, levantei-me, vesti o calção, a t-shirt da prova, calcei-me, bebi um copo de água e saí de casa para fazer 40 minutos muito devagar, com as bolhas a latejar, a escorrerem aquele líquido que criam dentro, mas com as pernas a responderem e pedirem para se mexer.
Cheguei a casa feliz, como não me sentia há muito. Tinha conseguido. A partir dali era capaz de mais. Tive a certeza. Naquele momento!
É algo de muito esquisito, mas também especial, sentirmos as primeiras vezes em que o corpo, mais especificamente uma parte do cérebro, nos pede para nos levantarmos e colocarmos um passo à frente do outro, sem complicações, sem ligar ao sol, à chuva, ao vento, aos cães, aos carros, à noite...
É algo que não se consegue explicar a quem não corre, a quem não gosta de correr, mas que acontece e PODE acontecer a qualquer um!
E eu, que detestava o acto solitário que é correr, o gesto mecânico que preconiza o acto da corrida, sou, felizmente para mim, a prova de que correr é especial.

XXV Jovemaio



13 de Maio 2007
Lá estava eu, com os meus Nike qualquer coisa, as minhas meias de algodão, bem grossas e uma disposição intransponível de bater toda a concorrência - que se resumia a uma rapariga de 35 anos, com 3 filhos - sem apelo nem agravo. Era muita picanha em jogo, muito franguinho assado, muitas Minis geladas. Eu e os meus amigos machos engendrámos um plano infalível: um cansava a Célia, puxava por ela e algum dos outros tentava ficar à frente dela. Mas qual??? Eu não fui capaz, claro.
Acabei a prova, à frente da velhota de 71 anos, mas pelo menos dois minutos atrás da minha amiga.
Fiz a fantástica marca de 56.40m, recorde pessoal da minha carreira de 13 dias como meio-fundista.
Resultado: um dos rapazes chegou 10 metros à frente da nossa amiga, aposta ganha no colectivo.
Resultado individual: a vergonha... bolhas diversas em 3 partes distintas dos pés, o tendão de Aquiles feito pedra, sofrimento geral em todas as partes do meu gordo corpo. É a única data do ano em que costumo usar a hidro-massagem da minha casa de banho. Boa compra...
Continuava a pesar 73 quilinhos...
Depois do churrasco, se calhar, pesava um bocadinho mais...

Eu, em Estremoz, depois de almoçar no São Rosas, quando tinha vergonha de me ver nu...

A estratégia

2 de Maio 2007
Acordei e decidi começar um fantástico programa de treino secreto e individual: fazer gradualmente o percurso da prova, aumentando diariamente um km...
Neste dia fiz 18 minutos. E percorri 2,4 Kms...
Regressei a casa e chamei alguns nomes a mim próprio.Decidi que tinha de parar uns dias, tinha sido um treino muito violento... Estava convencido que tinha sido uma loucura exagerar logo no primeiro dia.
E eu até não me importo nada de cozinhar, de ter o pessoal cá em casa...
Se calhar era melhor esquecer a aposta, ia tentar chegar ao fim sem sofrer muito, sem treinos, como sempre.
Se ao menos corresse com uma bola à frente...

3 de Maio 2007
Acordei e fiz tudo de novo. Com o mesmo sofrimento, pesadão, a arrastar-me, balofo mesmo!

4 de Maio 2007
Acordei e fiz tudo de novo, mas fui mais longe. Fiz quase meia hora!!! "Maluco", pensei.
Estava preparado, já tinha feito cerca de 4 kms. Para sofrer, mais valia sofrer só no dia da prova...

E assim continuei, até dia 10.
Sem ninguém saber.
Estava preparadíssimo, seria a revelação da prova...

Como tudo começou...

1de Maio, 2007. A aposta...
A cavaqueira e o impropério do costume em casa já não sei de quem... A minha comadre, frequentadora assídua do Holmes Place, fanática por RPM e Body Combat na altura, lançou o desafio: "Pago um almoço se algum de vocês(homens) ficar à minha frente no Jovemaio - a prova de 10 kms anual do nosso bairro, organizada por essa ilustre instituição, o Águias Unidas do Fanqueiro - que frequentamos desde crianças, desde os bailes com slows, com apalpões, com beijos roubados, com as mães a guardar as filhas... Bons tempos!
Claro que aceitámos a aposta. Ela sempre foi fisiologicamente uma excelente atleta em potência, naturalmente. Corria sem esforço. Já eu, sempre fiz esta prova, mas a maior parte das vezes, depois de uma noite de copos quando era "vivo", depois de uma jantarada quando já era casado... mas participámos sempre, 5 ou 6 amigos de infância, colecciono as T-shirts das 26 edições da prova mais antiga do concelho do Seixal. O resultado era sempre o mesmo: bolhas várias, 3 ou 4 dias com dificuldades a andar e chegava sempre lado a lado com uma velhota de 70 anos que antecedia a ambulância e o carro-vassoura. Mas cheguei sempre ao fim. Era a minha vitória.
O ano passado, com esta aposta, as coisas mudavam de figura, o estímulo altíssimo, um churrasco sem eu ter de cozinhar, só sentar, comer e beber... Haveria motivação mais forte?
Pesava então 73 kgs, em todo o esplendor do meu metro e sessenta e sete...