quarta-feira, 9 de julho de 2008

The Day After

Segunda-feira, acordei com duas tábuas espessas e rijas em vez de pernas.
Não me iria levantar... Nem dava aulas nesse dia. Era o dia de folga.
Que bom, passaria a manhã na cama com o sentimento glorioso de mais um Jovemaio concluído!
Passados 10 segundos, o click que mudou o meu dia, o meu ano, a minha cabeça, um pouco da minha vida no fundo!
Eu durmo pouco, deito-me cedo, adormeço com facilidade, mas por volta das seis da manhã, no máximo, acordo e não durmo mais. Isto quando não acordo mais cedo e me ponho a pensar em tudo o que a noite escura se lembra de me pôr a pensar.
Sem perceber como nem porquê, nem consigo explicar a ninguém o que me aconteceu, levantei-me, vesti o calção, a t-shirt da prova, calcei-me, bebi um copo de água e saí de casa para fazer 40 minutos muito devagar, com as bolhas a latejar, a escorrerem aquele líquido que criam dentro, mas com as pernas a responderem e pedirem para se mexer.
Cheguei a casa feliz, como não me sentia há muito. Tinha conseguido. A partir dali era capaz de mais. Tive a certeza. Naquele momento!
É algo de muito esquisito, mas também especial, sentirmos as primeiras vezes em que o corpo, mais especificamente uma parte do cérebro, nos pede para nos levantarmos e colocarmos um passo à frente do outro, sem complicações, sem ligar ao sol, à chuva, ao vento, aos cães, aos carros, à noite...
É algo que não se consegue explicar a quem não corre, a quem não gosta de correr, mas que acontece e PODE acontecer a qualquer um!
E eu, que detestava o acto solitário que é correr, o gesto mecânico que preconiza o acto da corrida, sou, felizmente para mim, a prova de que correr é especial.

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